Capítulo 67 - Halloween do Rafa

O mês de novembro chegou com muita animação, por parte minha e do Rafa. Ele completaria quatro aninhos de vida e pela primeira vez eu estava empolgada em promover uma grande festa pra ele. 

Nos outros anos, sempre foi tudo muito simples, eu sempre me lembrava do Luan e além da raiva e mágoa que sentia dele, também tinha a culpa por estar privando meu filho da presença de um pai. 

Estávamos andando pelo shopping, quando ele sugeriu o tema da sua festa.

- Mamãe, quero que seja assim a minha festa. - Ele apontou para um cartaz, do cinema e eu olhei.

- De monstros? - Ri. 

- É...De um montão de coisa. Queria que todo mundo se vestisse igual eu, quando ia pedir doce, quando não morávamos aqui.

- Ah...Você quer um halloween só seu, é isso?

- Isso! - Ele falou entusiasmado, me fazendo ri.

- Então tá bom. - Depois daquele dia, começamos a preparar a festa e ir ver a decoração que queríamos.

Luan, quando estava de folga, também fazia questão de ir junto. Sentia que aquilo era importante pra ele.

- Eu estava pensando da gente se vestir em conjunto. A festa tá chegando, tem que alugar as fantasias... - Falei em uma de nossas conversas, enquanto víamos TV.

- Pode ser, amor... 

- Eu quero ser pirata! - Meu filho gritou, me assustando. Ele estava quase dormindo.

- Pirata? - Fiz careta e ele assentiu.

- O que tem? - Luan me olhou.

- Eu queria uma coisa em conjunto, mais bonitinha... Se ele for pirata eu também vou ter que ser e você.

- Eu não me importo!-  Luan riu.

- Claro que não! - Revirei os olhos.- Por que não se veste de príncipe, filho? Eu posso ser a rainha e seu pai o rei. - Sorri, tentando convencê-lo.

- Não! É feio.

- Que feio, o que! É linda  a fantasia! 

- Eu quero ser pirata! - Ele ameaçou um choro.

- Deixa ele, Amanda. Eu também não quero ser rei.

- Vocês dois são uns chatos...Venceram!

- Dois contra um, sempre vence. - Ele riu e beijou meu pescoço.

- Fazer o que, não é?

- Arrumamos uma menina e empatamos o jogo.

- Por enquanto o jogo fica dois a um pra vocês, tá? Vai com calma! - Fiz careta, enquanto ele ria.

No outro dia, fomos até uma loja de fantasias e escolhemos todas. Até que a de pirata que tinha lá não era feia.

Era rosa bebê e bem feminina. A melhor parte era o salto, que acompanhava a fantasia, rosa bem escuro e super alto. Lindo.

A do Luan foi azul e do Rafael verde, eram parecidas mas não iguais.

Acabou que a loja emprestou aquelas fantasias pra gente e não cobrou nada. Claro, tudo por conta de ser o Luan. Saímos rindo do shopping.

- Como é bom ser famoso, não é, senhor Luan? - Ri.

- Besta! - Ele me acompanhou.

- Tudo é de graça....

- De graça nada, eu vou fazer propaganda na internet.

- Nossa! Belo preço que você paga.- Ele me deu um tapa na cabeça de leve, me fazendo empurrá-lo.

No dia da festa do Rafa, fomos para o local cedo e já arrumados, não queria me atrasar nenhum minuto.

Logo os pais e a irmã do Luan chegaram e ficamos rindo de nossas fantasias.

- Só o Rafa pra me fazer por fantasia nessa idade. - Minha sogra riu.

- Que idade? Não tô vendo nenhuma aí! - Riram de mim.

A festa estava linda, toda em azul e verde e com tudo personalizado com o nome do Rafa. Começando pela entrada, que tinha cachos de bola formando a frase "Halloween do Rafa" , deixando ele completamnete encantado.

Os copos tinham seu nome, os potinhos com balinhas, que eram de lembranças e o bolo. Estava tudo lindo.

Os convidados começaram a chegar, depois de algumas horas.

Falei com tanta gente, por tanto tempo, que depois não achava nem o Rafa e nem o pai dele.

Estava conversando com uma mãe de um amiguinho do meu filho, quando vi de longe o Luan conversando com uma mulher loira, com um belo corpo e uma fantasia de chapeuzinho vermelho, bem vulgar, para uma festa de criança.

Não consegui mais prestar a atenção no que ela falava e agradeci, quando seu marido lhe chamou.

- É uma ex peguete dele - Escutei uma voz e me assustei.

- O que? - Olhe para Bruna.

- Essa daí que o Luan está conversando! - ela riu. - Tá encarando demais. - Dei de ombros.- Bonita ela, não?

- Cobra! - Fiz careta pra ela, que riu.

- Só disse a verdade. - Deu de ombros e saiu. - No fundo, depois que fizemos "as pazes", todas as implicâncias, eram da boca pra fora, pura brincadeira. Eu não me importava, nem me irritava mais e ela ria das próprias coisas que falava. Não tínhamos perdido o costume de implicar uma com a outa.

Fui até os dois que conversavam, como uma cara nada boa.

- Vem aqui, por favor? - Falei, segurando o braço do Luan.

- Calma! - ele riu. - Essa aqui é a Laís, e Laís, essa é minha namorada e mãe do Rafa.

- Muito bonita! E seu filho também é uma graça, a festa está linda! - Ela falou sorrindo e eu dei o meu sorriso mais falso.

- Obrigada...Vem aqui, por favor? - Voltei a olhar o Luan, que ficou sem njeito e se despediu da moça.

- O que foi? - Ele me olhou assustado.

- Quem é aquela mulher?

- Era só isso? - ele riu.

- Fala! - Bufei.

- Só uma amiga, Amanda.

- Amiga essa que eu não conheço e nem sabia que viria para festa do meu filho, aliás eu mesma preparei todos os convites, contados e o dela, não constava na lista. - Cruzei os braços.

- Eu convidei ela pro aniversário do nosso filho! - Ele me olhou sério. - Não dei convite.

- A cara de pau ainda veio.

- Mas era pra vir mesmo, se eu convidei...

- Agora é assim? Convidando qualquer ex peguete pra festa do seu filho?

- Ei! Quem te disse isso? Ela é minha amiga de muito tempo! - Revirei os olhos.

- Por que não me pediu um convite pra ela?

- Porque eu esqueci...Meu Deus, Amanda! - Ele passou as mãos nos cabelos.

- Sei...

- Para de desconfiar de mim.

- Você não para de dar motivos.

- Que motivos eu dei? - Ele se alterou mas respirou fundo, voltando a se acalmar. - Eu só estava conversando com ela, como converso com qualquer um que estar aqui.

- Ta bom, Luan! Faz o que você quiser da sua vida , só não coloca meu filho no meio disso. - Sai dali deixando ele sozinho.

O resto da festa eu ignorei o Luan, não queria mesmo ficar perto dele.

Estava na hora de cantar os parabéns, quando fui procurar o Rafa, que se encontrava dentro da piscina de bolinhas, com o pai.

- Vamos, filho!

- Não! - ele dizia rindo e se divertindo.

- Depois você volta! - Ele fingiu que não me ouviu. - Cinco minutos, tá? - Dessa vez ele só assentiu.

Fiquei esperando e olhando para outros lados, evitando olhar pra cara do Luan, quando senti uma bolinha na minha cabeça.

- Entra aí! - Luan ria, enquanto eu lhe olhava indignada.

- Idiota! - Senti outra bolinha e logo depois mais dez, em cima de mim, até me filho ajudava o Luan com aquilo.

Não aguentei e acabei rindo, o fotógrafo se aproximou e pediu que eu entrasse e tirasse uma foto com eles.

Acabei entrando naquela piscina de bolinhas enormes e me divertindo com eles, o que nos rendeu ótimas e lindas fotos.

- Vamos agora, filho! - Luan conseguiu lhe convencer e ele saiu emburrado.

Continuou com a cara feia e os braços cruzados, nos braços do pai, até a vela se acender e todos começarem a bater palmas. Aos poucos um sorriso foi brotando em seus lábios.

Depois de servirem o bolo, fui ajeitar as lembrancinhas, pro Rafa dar pros coleguinhas. Estava distraída quando senti uma respiração quente no meu pescoço.

- Não fica assim... Eu te amo! - Senti um beijo no mesmo, que me arrepiou.

- Você que sempre faz isso.

- Desculpa se fiz alguma coisa que você não gostou, amor... - Me virei pra ele.

- Eu não gostei mesmo de convidar qualquer uma pro aniversário do seu filho.

- Eu juro que ela é muito minha amiga. Já ficamo sim, uma vez, á mais de dez anos atrás, mas não foi nada pra mim.

- E se foi pra ela? 

- Para com isso, marrenta! - Ele riu e beijou meu rosto. - Só você que importa pra mim! - ele selou nossos lábios e eu reprimi um sorriso. - Agora, como sabia que eu já tive alguma coisa com ela?

- Além do meu instinto feminino, que nunca falha? - Cruzei os braços e ele riu. - A sua irmã.

- Bruna? Ah, que safada! 

- Ela me ama... - Revirei os olhos e ele riu.

- Ama sim! Mas nunca vão perder essa manina mesmo, parecem crianças.

- Criança é você! - Empurrei seu ombro de leve e ele riu.

- Eu te amo, tá minha coisa linda? Não fica mais bravinha comigo não, tá? - Ele alisou meu rosto e eu sorri, assentindo.

A festa continuou por muitas horas ainda, e no final, só restou nossa família e alguns amigos bem próximos, que se divertiam, cantavam e bebiam junto com o Luan.

Rafael brincava naqueles brinquedos e só dormiu quando chegamos em casa. Ele estava feliz e consequentemente, nós também.
Chegamos em casa mais de meia noite, coloquei Rafael pra dormir e eu e Luan ficamos vendo um filme até altas horas. Acabou que o Luan dormiu primeiro que eu, que apesar de cansada estava sem sono.
Fui mexer no celular e vi uma foto minha na praia, quando viajamos pra Europa.
Me lembro de ter cortado Bruna, que estava do meu lado, de pura pirraça e tinha apagado a original.
Postei e marquei ela, na parte do corpo dela que restava, rindo. Seria sempre assim mesmo, sempre implicaríamos uma com a outra.

" Saudades, Europa! Quero praia de novo, com a cunhada mais linda , que Luan conseguiu cortar quando tirou a foto! Rsrsrs "